E assim se cria o 30º espaço de cultura e descoberta aqui no Brain! Whooho!
Quem não se lembra de uma época em que havia apenas dois canais televisivos, em que para manter variedade passavam tudo e mais alguma coisa que lhes vinha parar às mãos! Bons tempos! Foi no segundo canal, o canal alternativo, que descobri as mais belas coisas, filmes e aventuras espectaculares que facilmente influenciariam a pequena e impressionável mente de uma criança e agora adulto, A. Tudo, claro, sobre a o olhar atento do irmão mais velho que precisava de mim para mudar o canal, numa altura em que não havia comandos à distancia. Assim começo os filmes da minha vida, os clássicos da TV2.
Poucas são as pessoas que já viram Zardoz, menos ainda serão as que o viram com a idade de 8, a idade em que mais facilmente se parte tudo o que nos vier parar às mãos.
Zardoz é um filme fabuloso, o personagem principal, a que vou chamar de Sean Connery, é aquilo que parece ser um selvagem armado de uma pistola, um bigode à Zapata, uma trança e uma fralda vermelha! Sim uma fralda, abençoados anos 70.
Então o Sean Connery faz parte de uma tribo de homens que adoram um deus que é uma gigante cabeça de pedra que se chama Zardoz. O Zardoz aparece frequentemente para entregar armas, levar grão e deixar o seu bitaite:
O Revolver é bom. O pénis é mau. O pénis dispara sementes, e cria nova vida que envenena a terra com a praga dos homens, mas a arma dispara morte, e purifica a Terra da podridão dos brutos. Ide... e matai!Então o Sean Connery um dia entra na cabeça de pedra para por à prova o seu deus, acabando por matar Zardoz. Faz o resto do caminho na cabeça voadora até um sitio onde mulheres andam frequentemente de seios à mostra. Nesse sítio de sonho, o Sean Connery descobre que as pessoas são imortais e há muito que vivem uma vida fútil e sem objectivos, para além de que os homens são impotentes. A certa altura o Sean Connery tenta violar uma das imortais mais catatónicas, mas perante a falta de reacção da moça aborrece-se e da-lhe antes umas porradas.
E assim segue a história, eventualmente descobre-se que afinal o Sean Connery foi apenas um instrumento de alguns imortais para que este levasse a cabo a sua própria destruição. Depois de várias coisas que não se percebe muito bem, desde o poder de andar para trás no tempo, levar feministas que odeiam pénis a apaixonar-se por ele e emprenhar umas quantas "já não tão imortais" para gerar descendência, o filma culmina com os
brutos montados em cavalos a matar todos os imortais, enquanto uma banda toca música... pelo menos até eles próprios morrerem. E tudo isto envolto em risos e alegria.
Um filme a não perder, sério!
IntervaloQuando vi o filme era um sábado, no domingo seguinte ia para a praia e como todos os fins de semana, ficava a ver o filme da TV2 até tarde para depois me levantar às 6h, tomar o pequeno-almoço e voltar a dormir para quando chegasse à praia por volta das 8h poder ir logo a correr sem a minha mãe ter o argumento de que tinha tomado o pequeno almoço há pouco tempo. No entanto dessa vez foi diferente, também eu ia por-me à prova, por à prova o meu Deus e se possivel mata-lo.
Peguei no meu colchão insuflável, e segui temeroso, mar a dentro, segui até a água me dar pelo pescoço e aí perguntei. Deus! É verdade que também tu fazes parte do mundo do espectáculo? Então entretém-me! E ele entreteve-me... atirou-me uma chapuçada de água para a cara que temporariamente me cegou. Eu disse "É só isso que tens para mim!?" e fiquei sem o colchão. E foi aí que me vi atrapalhado, mas mesmo assim lutei, gritei por socorro, esbracejei. Via a minha mãe ao longe a acenar de volta, pensei "agora estás a jogar sujo..." ganhei ânimo consegui apanhar o colchão e voltei até à areia.
No domingo seguinte em vez de ir à praia já fui à missa. Pensei que dado haver uma hipótese de existir um ser todo poderoso com o poder de criar e destruir, suponho que ele goste que a gente reconheça isso de vez em quando e não vejo razões para que eu não jogue pelo seguro...