Desde que vim estudar para Coimbra perdi muita coisa. Perdi o amor-próprio e o próprio amor. Também perdi a pronúncia, trocando-a pela bastante insonsa pronúncia coimbrã.
Recentemente numa consulta de Ortopedia num qualquer hospital do Douro Litoral, um médico disse que eu tinha uma hérnia discal, e que essa era a razão de umas dores que tenho tido na perna. Bem, o que é que isto tem a ver com a primeira parte deste post. A resposta é, palavrões!
Ao permanecer durante tanto tempo no ambiente linguisticamente asséptico de Coimbra, dei por mim a reparar que realmente se dizem muitos palavrões na minha terra, sem haver qualquer tipo de contenção quando o interlocutor é um completo desconhecido. O que me levou a estranhar consideravelmente a postura do médico quando ele me descreve o tratamento que tinha de fazer para curar a enfermidade.
“Dê umas fodas com gajas boas!”
Foi este o conselho para tratar das costas. Acrescentando “mas elas que fiquem por cima, para verem o que custa”. Não era nada que eu já não estivesse à espera, porque depois de uma consulta a ouvir coisas como “Tem uma hérnia discal na coluna... não é na gaita não.” uma pessoa já conta com tudo.
No entanto o médico tem razão, a dor começou a aparecer quando eu deixei de fazer profilaxia...
Tenho saudades de dizer mais palavrões, é um comportamento que cria laços. Eu sinto-me mais próximo deste médico, do que de pessoas que conheço há anos.