domingo, maio 21, 2006

Fogo, televisão... e religião

Introdução
Um pequeno texto introdutório, ao post que se segue de imediato

O Post
O ser humano sempre foi uma criatura que se aborrece socialmente com muita facilidade, não se pode estar um bocado calado, que imediatamente se gera um desconforto que pode resultar em duas situações: ou se começa a falar do tempo, ou se dá uma desculpa para sair e faz-se outra coisa qualquer, nem que seja olhar para o tecto de casa.

O Homem não lida bem com este silêncio, e este foi um dos primeiros problemas que surgiu quando se descobriu o fogo. Os serões passados à volta da fogueira, resultaram no aparecimento de uma enorme quantidade de tempo nocturna, em que não se estava a caçar mamutes e que era preciso preencher com algum tipo de actividade ou o desconforto seria insuportável. Eventualmente o ser humano inventou a fala e começou a conversar e a contar historias e anedotas( como a do amigo que estava sempre a ser surpreendido por tigres dente-de-sabre, por não possuir visão periférica :p) e o problema deixou de existir.

Isto veio mudar por completo o mundo em que vivemos. Já não haveria razão para tempos mortos e desconforto... ou haveria? É claro que sim, por mais que gostemos de falar é impossível ter sempre assunto de conversa. Mas a necessidade do ser humano não é propriamente falar, mas ter alguém por perto a falar, estarmos no meio de uma conversa, ainda que não participemos activamente dela, serve perfeitamente para que não nos sintamos aborrecidos. E assim nasceu a televisão, já não haveria necessidade de falar, teríamos um aparelho que falava constantemente por nós, já não havia necessidade de pensar em assuntos para falar, a televisão trataria e discutiria assuntos por nós. Em vez de nos reunirmos à volta da fogueira, reuniríamos em frente da televisão…

Mas pensando que a fala surgiu da necessidade de falar (desculpem-me a construção idiota da frase), podemos concluir que o ser humano, não fazendo uso dela, perderá a pouco e pouco a fala e as habilidades sociais que advêm do seu uso...

Estamos votados uma existência amorfa, desprovida de interacção social, a não ser que arranjemos um meio-termo, algo entre o fogo e a televisão, algo com o poder de reunir, mas que apenas fale quando o assunto se esgotou, uma fogueira que fale... mas, para além das dificuldades técnicas para a construção de tal aparelho, da ultima vez que uma fogueira falou, a coisa acabou um bocado mal para os Egípcios, por isso a ideia pode não ser muito bem recebida

11 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso detesto silêncios desconfortáveis, não gosto de estar com alguém que nao conheço minimamente e não se sabe o que dizer, não gosto de encontrar velhos amigos com quem já não tenho nada em comum, e ficamos parvos a olhar uns para os outros até algum de nós fingir que está muito ocupado, tem de estar nalgum lado vai-se embora...

Anónimo disse...

E gostei do detalhe da fogueira que fala... realmente, sempre que algum arbusto em chamas fala, algo irá correr mal para alguém. :D

Adriana disse...

eu, pessoalmente, acho que os esquizofrénicos é que são fixes e bastante evoluídos nesse aspecto. Ora nada melhor para nos entretermos do que ter vozes dentro da cabeça com quem conversar. Ninguém nos deverá conhecer melhor, quais os nossos assuntos preferidos, do que as nossas vozes. E parece-me que nestes casos, os silencios sao capazes de não ser assim tao desconfortáveis :P

gomas disse...

Deve haver alguma constante máxima de silêncio que duas pessoas conseguem aguentar sem inventarem desculpas ou sem falarem de temas futeis!

Podiam fazer 1 record do Guiness disto!

Anónimo disse...

Sexo entre surdos-mudos.

gomas disse...

indeed

Anónimo disse...

Claro que se o gajo tiver ejaculação precoce a coisa acaba cedo e voltam aos sinais gestuais:

-"Já?"
-"Já!"
-"Isto com o meu marido não é nada assim..."

o karamelo disse...

não percebi quase nada do que escreveste lol

A disse...

é simples:
falar = mau
não falar = mau
fogo = mau
televisão = mau
tédio = mau

resumindo, não há nada pelo que valha a pena viver :D

Anónimo disse...

"não há nada pelo que valha a pena viver :D"

permite-me discordar, ainda ha coisas boas na vida, como ficar tenso com uma massagem.

A disse...

probabilidades de receber uma massagem dessas? - 0,1%

probabilidade de contrair uma doença rara e tailandesa, após a massagem? - 99,9%

como podes ver, tudo depende da maneira como encaras a vida. a minha maneira é claramente má, mas é a que me convém :D