IntroduçãoUm pequeno texto introdutório, ao post que se segue de imediato
O PostO ser humano sempre foi uma criatura que se aborrece socialmente com muita facilidade, não se pode estar um bocado calado, que imediatamente se gera um desconforto que pode resultar em duas situações: ou se começa a falar do tempo, ou se dá uma desculpa para sair e faz-se outra coisa qualquer, nem que seja olhar para o tecto de casa.
O Homem não lida bem com este silêncio, e este foi um dos primeiros problemas que surgiu quando se descobriu o fogo. Os serões passados à volta da fogueira, resultaram no aparecimento de uma enorme quantidade de tempo nocturna, em que não se estava a caçar mamutes e que era preciso preencher com algum tipo de actividade ou o desconforto seria insuportável. Eventualmente o ser humano inventou a fala e começou a conversar e a contar historias e anedotas( como a do amigo que estava sempre a ser surpreendido por tigres dente-de-sabre, por não possuir visão periférica :p) e o problema deixou de existir.
Isto veio mudar por completo o mundo em que vivemos. Já não haveria razão para tempos mortos e desconforto... ou haveria? É claro que sim, por mais que gostemos de falar é impossível ter sempre assunto de conversa. Mas a necessidade do ser humano não é propriamente falar, mas ter alguém por perto a falar, estarmos no meio de uma conversa, ainda que não participemos activamente dela, serve perfeitamente para que não nos sintamos aborrecidos. E assim nasceu a televisão, já não haveria necessidade de falar, teríamos um aparelho que falava constantemente por nós, já não havia necessidade de pensar em assuntos para falar, a televisão trataria e discutiria assuntos por nós. Em vez de nos reunirmos à volta da fogueira, reuniríamos em frente da televisão…
Mas pensando que a fala surgiu da necessidade de falar (desculpem-me a construção idiota da frase), podemos concluir que o ser humano, não fazendo uso dela, perderá a pouco e pouco a fala e as habilidades sociais que advêm do seu uso...
Estamos votados uma existência amorfa, desprovida de interacção social, a não ser que arranjemos um meio-termo, algo entre o fogo e a televisão, algo com o poder de reunir, mas que apenas fale quando o assunto se esgotou, uma fogueira que fale... mas, para além das dificuldades técnicas para a construção de tal aparelho, da ultima vez que uma fogueira falou, a coisa acabou um bocado mal para os Egípcios, por isso a ideia pode não ser muito bem recebida